Como o tema do nosso blog é o contexto sócio político brasileiro dos anos 90, segue a baixo mais uma crítica, agora de uma música que por si só já critica a realidade do nosso país.
Meu país – Zezinho Barros
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram - se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país
Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país
Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram - se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país
Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país
Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país
Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde escola não ensina
E hospital não dispõe de raio - x
Onde a gente dos morros é feliz
Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o brasil em mil brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
A música já começa criticando os nossos representantes do governo, com os inúmeros escândalos políticos, onde estes alegam não terem conhecimento, um grande exemplo disso foi o presidente Luis Inácio alegando não saber do Mensalão, que foi um escândalo que ocorreu durante o seu mandato.
Fala também de um país de TODOS, que em época de carnaval ou futebol como a copa do mundo, se enxerga como uma nação, todos iguais, ou em período eleitoral, onde o proletariado e o sub têm real importância, já que o poder de decisão esta na maioria, e a maioria do Brasil são os portadores apenas de sua mão de obra. Porém na hora de desfrutar do mais valor, da saúde privada, esses são esquecidos, o Brasil deixa de ser uma nação de iguais, e passa a ser uma nação de desiguais. Com um mercado que paga mais pelo trabalho do homem do que pelo da mulher embora esses façam o mesmo serviço, e também distingue o valor do trabalho do branco e do negro.
Um país onde as leis são flexíveis, sempre criando uma emenda, uma saída que favoreça os possuidores dos meios de produção. E que a maioria da população não tem acesso a informação e por isso não gozam de seus direitos. Com um grande índice de analfabetismo, com políticas que não visam o aprendizado, mais índices de pessoas com acesso as escolas, resolvendo o problema educacional com a “aprovação automática”.
Um país que aderiu ao neoliberalismo, que oferece incentivos ficais para grandes empresas virem utilizar de sua matéria prima e de seus homens, que não oferece as condições mínimas de sobrevivência a todos. Onde grande parte de sua nação vive a margem da sociedade, com condições de habitação precárias e um sistema de saúde que não absorve a todos, onde a mesma, virou uma mercadoria, quem tem dinheiro compra um plano privado, quem não tem fica a mercê da saúde pública.
Um país em que suas transformações sociais e políticas da dec. de 90, tiveram grandes reflexos, a violência e o medo passou a ser objeto de convívio da sociedade, levou as crianças para os sinais, os homens a trabalharem no setor de serviços e com vários escândalos de financiamento da vida privada dos governantes, parlamentares com o dinheiro público. Um país onde o próprio trabalhador é quem paga os maiores impostos e financia sua assistência e o Estado divide os gastos com a reprodução da força de trabalho com os capitalistas.