quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Meu país

Como o tema do nosso blog é o contexto sócio político brasileiro dos anos 90, segue a baixo mais uma crítica, agora de uma música que por si só já critica a realidade do nosso país.
Meu país – Zezinho Barros
Tô vendo tudo, tô vendo tudo

Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

Um país que crianças elimina

Que não ouve o clamor dos esquecidos

Onde nunca os humildes são ouvidos

E uma elite sem deus é quem domina

Que permite um estupro em cada esquina

E a certeza da dúvida infeliz

Onde quem tem razão baixa a cerviz

E massacram - se o negro e a mulher

Pode ser o país de quem quiser

Mas não é, com certeza, o meu país

Um país onde as leis são descartáveis

Por ausência de códigos corretos

Com quarenta milhões de analfabetos

E maior multidão de miseráveis

Um país onde os homens confiáveis

Não têm voz, não têm vez, nem diretriz

Mas corruptos têm voz e vez e bis

E o respaldo de estímulo incomum

Pode ser o país de qualquer um

Mas não é com certeza o meu país

Um país que perdeu a identidade

Sepultou o idioma português

Aprendeu a falar pornofonês

Aderindo à global vulgaridade

Um país que não tem capacidade

De saber o que pensa e o que diz

Que não pode esconder a cicatriz

De um povo de bem que vive mal

Pode ser o país do carnaval

Mas não é com certeza o meu país

Um país que seus índios discrimina

E as ciências e as artes não respeita

Um país que ainda morre de maleita

Por atraso geral da medicina

Um país onde escola não ensina

E hospital não dispõe de raio - x

Onde a gente dos morros é feliz

Se tem água de chuva e luz do sol

Pode ser o país do futebol

Mas não é com certeza o meu país

Tô vendo tudo, tô vendo tudo

Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

Um país que é doente e não se cura

Quer ficar sempre no terceiro mundo

Que do poço fatal chegou ao fundo

Sem saber emergir da noite escura

Um país que engoliu a compostura

Atendendo a políticos sutis

Que dividem o brasil em mil brasis

Pra melhor assaltar de ponta a ponta

Pode ser o país do faz-de-conta

Mas não é com certeza o meu país

Tô vendo tudo, tô vendo tudo

Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo


          A música já começa criticando os nossos representantes do governo, com os inúmeros escândalos políticos, onde estes alegam não terem conhecimento, um grande exemplo disso foi o presidente Luis Inácio alegando não saber do Mensalão, que foi um escândalo que ocorreu durante o seu mandato.
         Fala também de um país de TODOS, que em época de carnaval ou futebol como a copa do mundo, se enxerga como uma nação, todos iguais, ou em período eleitoral, onde o proletariado e o sub têm real importância, já que o poder de decisão esta na maioria, e a maioria do Brasil são os portadores apenas de sua mão de obra. Porém na hora de desfrutar do mais valor, da saúde privada, esses são esquecidos, o Brasil deixa de ser uma nação de iguais, e passa a ser uma nação de desiguais. Com um mercado que paga mais pelo trabalho do homem do que pelo da mulher embora esses façam o mesmo serviço, e também distingue o valor do trabalho do branco e do negro.
         Um país onde as leis são flexíveis, sempre criando uma emenda, uma saída que favoreça os possuidores dos meios de produção. E que a maioria da população não tem acesso a informação e por isso não gozam de seus direitos. Com um grande índice de analfabetismo, com políticas que não visam o aprendizado, mais índices de pessoas com acesso as escolas, resolvendo o problema educacional com a “aprovação automática”.
          Um país que aderiu ao neoliberalismo, que oferece incentivos ficais para grandes empresas virem utilizar de sua matéria prima e de seus homens, que não oferece as condições mínimas de sobrevivência a todos. Onde grande parte de sua nação vive a margem da sociedade, com condições de habitação precárias e um sistema de saúde que não absorve a todos, onde a mesma, virou uma mercadoria, quem tem dinheiro compra um plano privado, quem não tem fica a mercê da saúde pública.
          Um país em que suas transformações sociais e políticas da dec. de 90, tiveram grandes reflexos, a violência e o medo passou a ser objeto de convívio da sociedade, levou as crianças para os sinais, os homens a trabalharem no setor de serviços e com vários escândalos de financiamento da vida privada dos governantes, parlamentares com o dinheiro público. Um país onde o próprio trabalhador é quem paga os maiores impostos e financia sua assistência e o Estado divide os gastos com a reprodução da força de trabalho com os capitalistas.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O contexto político dos anos 90

   Este post se baseia num texto presente no livro "O Brasil desempregado" de Jorge Mattoso. Nele há uma pequena história sobre o personagem José que chega em São Paulo com sua família na década de 60 no intuito de encontrar trabalho. José vai trabalhar numa grande montadora do ABC paulista, sindicaliza-se, e ajuda a fundar um partido, além disso, ele e seus colegas do sindicato participam juntos das greves do ABC e da luta pela redemocratização da sociedade e da economia. Na década de 80, José tinha sentimentos mistos quanto ao futuro do país: por um lado apreensão de uma crise da dívida externa e a inflação crescente, e por outro a alegria com a possibilidade de se consolidar a candidatura a presidência de um outro trabalhador. Porém, José adormece  por quase toda a década de 90, e quando acorda é que vai se dar conta que parece viver em outro mundo.

   Mas o que aconteceu nos anos 90 que levou José a se imaginar vivendo em um outro mundo?

    Para começar, vamos recordar um pouco os acontecimentos importantes da década de 80. Apesar de ser considerada uma década perdida economicamente devido à crise do endividamento externo, ela foi politicamente ganha, pois há um grande avanço: o processo de Constituinte e a criação da Constituição de 1988, uma constituição cidadã, que traz princípios universais.  
   O Brasil resiste durante toda essa década a entrada do neoliberalismo, mantendo sua estrutura. Mas o governo de Collor no início da década de 90, assim como o governo de Itamar Franco e o de Fernando Henrique Cardoso, permitem a entrada e a consolidação das políticas neoliberais e de todos os seus ajustes estruturais. 
   O que se vê com José, e  nos anos 90 são privatizações de empresas estatais (como a Companhia Siderúrgica Nacional), o desemprego em massa, a flexibilização das relações de trabalho e das condições de trabalho, os ajustes na Previdência Social e o crescimento dos empregos e trabalhadores informais. São típicas reformas e ajustes neoliberais, que prevalecem ainda hoje, mesmo no governo de Lula, o mesmo que chegou ao segundo turno das eleições com Collor em 1989 e que José imaginava que fosse o candidato que iria aliar crescimento econômico a justiça social e distribuição de renda.


Deixe sua opinião, comente!

domingo, 12 de setembro de 2010

Marina


Marina, 20 anos, 5º período DIURNO, estagiária do CRAS Dº Sobral Pinto e gosta de rosa e de assistir filmes!

Laura

Laura, 22 anos, 6º período NOTURNO, estagiária do HMHP e gosta de parler français.

Jéssica

Jéssica, 20 anos, 5º período DIURNO, estagiária da OAB-RJ e não vive sem o celular!

Carla

Carla, 21 anos, 5º período DIURNO, estagiária do 9ºandar do HUCFF (Ambulatório e Geriatria), e ama biscoito de polvilho!

Bárbara Loureiro

Bárbara Loureiro, 20 anos, 5º período, DIURNO, Estagiária da Comissão de Direitos do Paciente -CDP do HUCFF, gosta de roxo.

Bárbara Copello

Bárbara Copello, 21 anos, 5º período DIURNO, estagiária do Hospital Municipal Salles Netto, gosta de comer (almoço, lanchinhos de "reserva", etc) e sua cor preferido é verde.