quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O contexto político dos anos 90

   Este post se baseia num texto presente no livro "O Brasil desempregado" de Jorge Mattoso. Nele há uma pequena história sobre o personagem José que chega em São Paulo com sua família na década de 60 no intuito de encontrar trabalho. José vai trabalhar numa grande montadora do ABC paulista, sindicaliza-se, e ajuda a fundar um partido, além disso, ele e seus colegas do sindicato participam juntos das greves do ABC e da luta pela redemocratização da sociedade e da economia. Na década de 80, José tinha sentimentos mistos quanto ao futuro do país: por um lado apreensão de uma crise da dívida externa e a inflação crescente, e por outro a alegria com a possibilidade de se consolidar a candidatura a presidência de um outro trabalhador. Porém, José adormece  por quase toda a década de 90, e quando acorda é que vai se dar conta que parece viver em outro mundo.

   Mas o que aconteceu nos anos 90 que levou José a se imaginar vivendo em um outro mundo?

    Para começar, vamos recordar um pouco os acontecimentos importantes da década de 80. Apesar de ser considerada uma década perdida economicamente devido à crise do endividamento externo, ela foi politicamente ganha, pois há um grande avanço: o processo de Constituinte e a criação da Constituição de 1988, uma constituição cidadã, que traz princípios universais.  
   O Brasil resiste durante toda essa década a entrada do neoliberalismo, mantendo sua estrutura. Mas o governo de Collor no início da década de 90, assim como o governo de Itamar Franco e o de Fernando Henrique Cardoso, permitem a entrada e a consolidação das políticas neoliberais e de todos os seus ajustes estruturais. 
   O que se vê com José, e  nos anos 90 são privatizações de empresas estatais (como a Companhia Siderúrgica Nacional), o desemprego em massa, a flexibilização das relações de trabalho e das condições de trabalho, os ajustes na Previdência Social e o crescimento dos empregos e trabalhadores informais. São típicas reformas e ajustes neoliberais, que prevalecem ainda hoje, mesmo no governo de Lula, o mesmo que chegou ao segundo turno das eleições com Collor em 1989 e que José imaginava que fosse o candidato que iria aliar crescimento econômico a justiça social e distribuição de renda.


Deixe sua opinião, comente!