quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A mundialização neoliberal

     A dinâmica do sistema capitalista se dá por ciclos de expansão, que se caracterizam pela alta taxa média de lucro do capital circulante e da mais valia, e estagnação, que se caracterizam pela estagnação da taxa média de lucro, a queda do capital circulante e a queda ou estagnação da mais valia. 
     A chegada de Thatcher ao poder na Inglaterra e a de Regan nos EUA na década de 70 e início de 80 serviram como momento propício para a afirmação do neoliberalismo. O escopo teórico neoliberal começou décadas antes da crise do capitalismo, que deu condições para a aplicação de seus preceitos. 
     O discurso que o neoliberalismo se apoia é a oposição ao intervencionismo Keynesiano e ao pensamento marxista, colocando o mercado como instância mediadora da sociedade e insuperável, e tendo uma posição política de Estado mínimo como sendo a única forma para se alcançar a democracia. 
     As novas tecnologias e a reorganização do processo produtivo provocam mudanças no âmbito das forças produtivas no processo de ofensiva neoliberal. As novas tecnologias foram de extrema importância para as transformações ocorridas, elas não só mudaram o tratamento da informação, mas também alteraram o processo produtivo, permitindo as indústrias um ajuste às demandas postas pelo mercado. O processo produtivo é organizado de forma a segmentar os trabalhadores e ter uma maior controle sobre eles, conhecido como o toyotismo. Essa reorganização possui duas dimensões: uma que substitui a grande concentração operária de uma fábrica por pequenas unidades produtivas que estabelecem uma relação de rede entre si, e outra que flexibiliza as relações de trabalho.
     A aceleração do processo da internacionalização econômica desde o início dos anos 80 é consequência do neoliberalismo. Ela se dá pelos blocos econômicos supranacionais, que são vários blocos econômicos com organizações político-institucionais diferentes e ligados por relações estreitas que reforçam a divisão de poder e riquezas geradas na última década, e pelas organizações internacionais, em que há o processo de mundialização do capital onde este adquire mobilidade para se instalar, produzir e vender, tendo controles cada vez menores.  A fase atual de internacionalização revela a contradição básica pela mobilidade do capital X restrição de circulação de trabalhadores, isso se dá porque não há unificação do mercado de trabalho, diferentemente do que ocorre com os mercados de capitais e mercadorias que estão cada vez mais unificados.
     A financeirização é um aspecto inúmeras vezes mal compreendido e feitichizado. No texto ele é compreendido como parte essencial do novo esquema de reprodução do capital. Marques parte do ponto fundamental de que os capitais que circulam na esfera financeira nascem no setor produtivo, e esta se alimenta de transferências de riquezas que mais tarde são distribuídas através de um circuito de características próprias. O sistema financeiro redistribui a parte da mais valia que absorve por camadas que podem consumir os produtos resultantes do aumento da produtividade. Esta é uma característica central da reprodução do capital sobre a hegemonia neoliberal.
     No neoliberalismo há uma perda de legitimidade por parte do Estado, isso se deve pela diminuição do seu poder econômico, devido às privatizações, desregulamentações e a perda de controle das relações econômicas e monetárias, em face de um reforço dos poderes econômicos privados ao mesmo tempo em que as suas funções compensatórias e integradoras são enfraquecidas.
     Uma das ideias que acompanhavam o avanço da mundialização neoliberal era de que a livre concorrência iria gerar um bem estar à população mundial, porém o que se constata é o agravamento das desigualdades nos países centrais e periféricos, onde uma enorme parcela mundial ainda se encontra sem acesso às necessidades mais básicas. Enquanto a tecnologia não para de avançar da mesma forma que a concentração do poder de consumo.

Texto baseado no artigo: Mundialização neoliberal: Economia e política no quadro da "onda longa" do último quarto do século, de Elídio Marques.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

CIDADÃO DE PAPELÃO

Cidadão de Papelão - O Teatro Mágico

"O cara que catava papelão pediu
Um pingado quente, em maus lençóis, nem voz
Nem terno, nem tampouco ternura
À margem de toda rua, sem identificação, sei não
Um homem de pedra, de pó, de pé no chão
De pé na cova, sem vocação, sem convicção

À margem de toda candura
À margem de toda candura
À margem de toda candura

Um cara, um papo, um sopapo, um papelão

Cria a dor, cria e atura
Cria a dor, cria e atura
Cria a dor, cria e atura

O cara que catava papelão pediu
Um pingado quente, em maus lençóis, à sós
Nem farda, nem tampouco fartura
Sem papel, sem assinatura
Se reciclando vai, se vai

À margem de toda candura
À margem de toda candura

Homem de pedra, de pó, de pé no chão

Não habita, se habitua
Não habita, se habitua"


Reflexão sobre a música:
Vivemos sob um sistema capitalista, que tem como lógica fundamental o consumo e a apropriação da força de trabalho. O capitalismo, como todos nós sabemos, é um sistema altamente desigual que ao mesmo tempo que gera muitas riquezas, gera muita pobreza. O desemprego também é um fator muito presente dentro do capitalismo, porque gera uma maior concorrência no mercado de trabalho e isso faz com que os empresários ofereçam menores salários e que os trabalhadores trabalhem e se esforcem cada vez mais para não serem demitidos.
Essa música faz uma forte crítica a pobreza e ao desemprego criando um personagem que vive em condições precárias. O " cidadão de papelão" da música é uma pessoa que não tem o que comer, onde viver e que perdeu até sua dignidade.
Os anos 90 no Brasil foi um período em que o desemprego e a pobreza se intensificaram ao mesmo tempo em que o país cresceu economicamente. Nas grandes cidades vemos diariamente os reflexos das desigualdades sociais, de um lado prédios luxuosos e carros caros, do outro as favelas crescendo e os transportes públicos cada vez mais lotados. É difícil entender um sistema que gera tanta riqueza e tanta pobreza de uma só vez, e enquanto este não for superado, vamos continuar vendo cidadãos "de papelão" nas nossas ruas e cidades.

domingo, 10 de outubro de 2010

“Transformação política e econômica do capitalismo”



Baseado na tabela “Transformação política e econômica do capitalismo”, dada em sala de aula, e analisada a partir do nosso tema: o contexto sócio-político dos anos 90, iremos traçar o processo da trajetória do capitalismo mundial e seus reflexos no Brasil, que vão culminar na contra-reforma do Estado na década de 90.
No início do século XX surge o fordismo, que dá inicio a uma nova fase do capitalismo, a era monopolista, que supera a livre concorrência e a concorrência passa a ser entre os monopólios; o monopolismo se expande de tal maneira que passa a dominar mercados a nível mundial. Isso resulta num saturamento do mercado, e o fordismo surge como resposta a isso, trazendo a produção em larga escala e a criação da linha de montagem nas fábricas, isso potencializa a produção interna e permite a padronização, há uma rígida separação de funções de trabalho: homem-ferramenta, além da separação entre gestão e execução, passa a se planejar a capacidade de produção e todos os elementos da intencionalidade são feitos de forma a otimizar o tempo e a produção.
Esse padrão fordista traz a necessidade de uma maior presença do Estado que sai do papel de apenas zelar, é chamado a criar estruturas estratégicas para o desenvolvimento econômico e criar políticas públicas, com funções indiretas (infra-estrutura) e diretas (incidindo na reprodução da força de trabalho). Sempre o capital irá mobilizar mais gente do que utiliza, para que desta forma ele exerça o controle da força de trabalho por meio dos salários baixos, pois é necessário controlar o movimento operário.
O período fordista é também o período do Welfare State, quando este entra em crise o fordismo também entra, dando início assim a uma reestruturação produtiva, uma vez que há necessidade de se encurtar o tempo útil das mercadorias e extrair a mais valia excedente sem aumentar as horas de trabalho, evitando assim conflitos com o movimento operário, que nesse momento possuía força e destaque no cenário político. Essa reestruturação será o modelo de acumulação flexível (Toyotismo).
O toyotismo vai supor uma intensificação do processo de trabalho, combinando as formas relativa e absoluta de extração da mais valia, vinculada a uma produção de demanda individualizada, a linha de produção passa a ser trabalho em equipe e o trabalhador passa a ser polivalente; produção just in time, sistema Kanbam¹, horizontalização e terceirização da produção e qualidade total.
Esse processo de reestruturação produtiva do capital é a base material do projeto ideopolitico neoliberal, tendo como reflexo: uma informalização do mercado de trabalho, que agora atinge a todas as categorias, ou seja, é a precarização do trabalho junto ao processo de terceirização; desregulamentação dos direitos do trabalho; nova forma de organização no movimento operário, devido à fragmentação da classe trabalhadora; a descentralização da produção; a mercantilização dos direitos sociais; substituição da força de trabalho por máquinas e o aumento do setor de serviços (terceiro setor).
Esses reflexos irão mudar as bases de renda familiar do brasileiro, levando este a buscar outras fontes para complementar seus salários, uma vez que esses não são mais suficientes para suprir suas necessidades.

¹ Kanbam: Sistema de códigos para controlar os estoques, indica as peças que vão faltar, passando a não precisar mais de almoxarifados/estoques.


Referência bibliográfica:
ANTUNES, Ricardo, Os sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo. p.29-59.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Jornada de Iniciação Científica


A Jornada de Iniciação Científica – JIC – é um espaço para discussão dos trabalhos acadêmicos, possibilitando a troca e a divulgação de conhecimento. Neste post faremos uma análise critica acerca do assunto abordado em uma das mesas apresentadas durante a semana da JIC, Questão Ambiental 1 cujo foco era sustentabilidade. Três trabalhos foram apresentados, dos quais dois eram do curso de Comunicação e o outro de Serviço Social.
O conceito de sustentabilidade começou a ser desenhado na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente realizada em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, sendo esta a primeira conferência realizada pela mesma sobre o meio ambiente. Os trabalhos abordaram o conceito de desenvolvimento sustentável, que é um modelo econômico, político, social, cultural e ambiental equilibrado, que satisfaça as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades; cujo marco foi a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992 (a Rio 92). Porém a apropriação desse termo nos trabalhos se deu de forma diferenciada, e com pontos de vista divergentes.
Nós enquanto estudantes de serviço social analisamos que a apropriação do termo nos trabalhos de comunicação não tiveram uma abordagem crítica e aprofundada do termo, ficando restritos apenas a uma visão superficial e econômica. Já o trabalho de serviço social teve uma abordagem mais crítica e ampla acerca da realidade da sociedade em que vivemos. Ao fim da apresentação abriu-se para debate, e ao término deste ficou claro para nós que esses trabalhos não tiveram embasamento político e nem foram articulados com a realidade de uma comunidade e com o próprio sistema capitalista; no sentido de que os discursos que eles fazem é muito bonito, mas será que eles inseridos no capitalismo de fato aconteceriam?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sobre''Amor sem escalas'':coisificando relações sociais


Quem aqui já assistiu o filme “Amor sem escalas’’? Com certeza reparou que além do lado romântico o filme mostra como as relações sociais vem se alterando desde á década de 1990. A maneira como o Ryan Bingham, ( interpretado por Geoge Clooney) um consultor em demissões,age aos demitir funcionários, função na qual é contratado por uma outra empresa,apresentando a terceirização de serviços no neo-liberalismo,distanciando a lógica do trabalho das relações humanas, coisificando estas relações e de como isto tende a se aprofundar, com a proposta da Natalie, ( interpretada por Anne Kendrick) na qual consiste em demitir funcionários de qualquer parte do mundo via uma transmissão on line.Fazendo a empresa  de “consultores de demissão” aumentar sua margem de lucro, pois diminui os custos com passagens áreas, garante a empresa possibilidades de  expandir seus serviços a empresas cada vez mais distantes, como em outros países, além de baixar o nível de exigência na contratação de seus consultores, já que tende a se tornar cada vez mais mecanizado o trabalho, a tal ponto que a qualificação exigida para estes “consultores”cairia assim como seus salários.
Isto tudo nos faz pensar que as necessidades da lucratividade no neo-liberalismo avançam na mesma medida em que as relações humanas se tornam mecanizadas.O trabalho de Bingham,é um exemplo de que a nova conjuntura social, tende substituir gradativamente a mão-de-obra, de modo a dinamizar para maior produtividade, gerando lucro.
Quem não assistiu, assista porque apesar disto tudo tem o colírio do George Clooney!