quinta-feira, 21 de outubro de 2010

CIDADÃO DE PAPELÃO

Cidadão de Papelão - O Teatro Mágico

"O cara que catava papelão pediu
Um pingado quente, em maus lençóis, nem voz
Nem terno, nem tampouco ternura
À margem de toda rua, sem identificação, sei não
Um homem de pedra, de pó, de pé no chão
De pé na cova, sem vocação, sem convicção

À margem de toda candura
À margem de toda candura
À margem de toda candura

Um cara, um papo, um sopapo, um papelão

Cria a dor, cria e atura
Cria a dor, cria e atura
Cria a dor, cria e atura

O cara que catava papelão pediu
Um pingado quente, em maus lençóis, à sós
Nem farda, nem tampouco fartura
Sem papel, sem assinatura
Se reciclando vai, se vai

À margem de toda candura
À margem de toda candura

Homem de pedra, de pó, de pé no chão

Não habita, se habitua
Não habita, se habitua"


Reflexão sobre a música:
Vivemos sob um sistema capitalista, que tem como lógica fundamental o consumo e a apropriação da força de trabalho. O capitalismo, como todos nós sabemos, é um sistema altamente desigual que ao mesmo tempo que gera muitas riquezas, gera muita pobreza. O desemprego também é um fator muito presente dentro do capitalismo, porque gera uma maior concorrência no mercado de trabalho e isso faz com que os empresários ofereçam menores salários e que os trabalhadores trabalhem e se esforcem cada vez mais para não serem demitidos.
Essa música faz uma forte crítica a pobreza e ao desemprego criando um personagem que vive em condições precárias. O " cidadão de papelão" da música é uma pessoa que não tem o que comer, onde viver e que perdeu até sua dignidade.
Os anos 90 no Brasil foi um período em que o desemprego e a pobreza se intensificaram ao mesmo tempo em que o país cresceu economicamente. Nas grandes cidades vemos diariamente os reflexos das desigualdades sociais, de um lado prédios luxuosos e carros caros, do outro as favelas crescendo e os transportes públicos cada vez mais lotados. É difícil entender um sistema que gera tanta riqueza e tanta pobreza de uma só vez, e enquanto este não for superado, vamos continuar vendo cidadãos "de papelão" nas nossas ruas e cidades.

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