Cidadão de Papelão - O Teatro Mágico
"O cara que catava papelão pediu
Um pingado quente, em maus lençóis, nem voz
Nem terno, nem tampouco ternura
À margem de toda rua, sem identificação, sei não
Um homem de pedra, de pó, de pé no chão
De pé na cova, sem vocação, sem convicção
Um pingado quente, em maus lençóis, nem voz
Nem terno, nem tampouco ternura
À margem de toda rua, sem identificação, sei não
Um homem de pedra, de pó, de pé no chão
De pé na cova, sem vocação, sem convicção
À margem de toda candura
À margem de toda candura
À margem de toda candura
À margem de toda candura
À margem de toda candura
Um cara, um papo, um sopapo, um papelão
Cria a dor, cria e atura
Cria a dor, cria e atura
Cria a dor, cria e atura
Cria a dor, cria e atura
Cria a dor, cria e atura
O cara que catava papelão pediu
Um pingado quente, em maus lençóis, à sós
Nem farda, nem tampouco fartura
Sem papel, sem assinatura
Se reciclando vai, se vai
Um pingado quente, em maus lençóis, à sós
Nem farda, nem tampouco fartura
Sem papel, sem assinatura
Se reciclando vai, se vai
À margem de toda candura
À margem de toda candura
À margem de toda candura
Homem de pedra, de pó, de pé no chão
Não habita, se habitua
Não habita, se habitua"
Não habita, se habitua"
Reflexão sobre a música:
Vivemos sob um sistema capitalista, que tem como lógica fundamental o consumo e a apropriação da força de trabalho. O capitalismo, como todos nós sabemos, é um sistema altamente desigual que ao mesmo tempo que gera muitas riquezas, gera muita pobreza. O desemprego também é um fator muito presente dentro do capitalismo, porque gera uma maior concorrência no mercado de trabalho e isso faz com que os empresários ofereçam menores salários e que os trabalhadores trabalhem e se esforcem cada vez mais para não serem demitidos.
Essa música faz uma forte crítica a pobreza e ao desemprego criando um personagem que vive em condições precárias. O " cidadão de papelão" da música é uma pessoa que não tem o que comer, onde viver e que perdeu até sua dignidade.
Os anos 90 no Brasil foi um período em que o desemprego e a pobreza se intensificaram ao mesmo tempo em que o país cresceu economicamente. Nas grandes cidades vemos diariamente os reflexos das desigualdades sociais, de um lado prédios luxuosos e carros caros, do outro as favelas crescendo e os transportes públicos cada vez mais lotados. É difícil entender um sistema que gera tanta riqueza e tanta pobreza de uma só vez, e enquanto este não for superado, vamos continuar vendo cidadãos "de papelão" nas nossas ruas e cidades.
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